À Espera que Ele “Soubesse” Amar-me - A Sexologia Taoista
- Amanda dos santos

- há 3 dias
- 5 min de leitura
Uma jornada pessoal de despertar, intimidade e liderança feminina
Durante muito tempo, vivi com esta crença silenciosa de que o homem certo simplesmente iria entender-me.
Não porque conversávamos profundamente, nem porque explorávamos o corpo um do outro com calma, mas porque eu desejava que o amor fosse intuitivo quase mágico.
Eu acreditava que um homem que realmente se importasse iria saber instintivamente como me segurar, como me tocar, como mover-se com o meu corpo, como encontrar-me nos lugares que eu própria ainda não sabia expressar. E quando isso não acontecia, eu virava toda essa frustração contra mim.
Achava que não era bonita o suficiente, desejável o suficiente, confiante o suficiente, feminina o suficiente.
Sem perceber, fui-me desconectando do meu próprio corpo simplesmente por esperar.
Quando o silêncio se torna um hábito
Eu calava-me durante o sexo.
Deixava que os homens ditassem o ritmo, mesmo quando o meu corpo queria outra coisa.
Não sabia como orientar, só esperava que a intimidade se resolvesse sozinha.
Mas o silêncio especialmente dentro do corpo tem consequências.
Ele fecha-nos, retrai-nos, desliga-nos suavemente do prazer.
E, enquanto eu esperava que os homens “acertassem”, ia-me afastando cada vez mais de mim mesma.
Quando as dificuldades sexuais dele se transformam nas minhas inseguranças

Quando ele ejaculava rápido demais, eu culpava-me.
Quando perdia a ereção, eu culpava-me.
Quando evitava sexo por vergonha ou stress, eu culpava-me.
Quando o porno mol
dava o seu desejo, eu sentia-me invisível.
As mulheres absorvem isto de forma profunda mesmo quando não nos pertence.
Durante muitos anos, carreguei o peso emocional das dificuldades sexuais dos homens sem perceber o que realmente estava a acontecer.
Interiorizei tudo.
Até que o meu trabalho mudou tudo.
O ponto de viragem que eu não esperava
A minha transformação não chegou através de um relacionamento.
Chegou através do meu trabalho através da sexualidade, do toque, da cura.
Quando comecei a trabalhar com energia sexual e com o corpo, tudo começou a fazer sentido. Eu não estava apenas a aprender técnicas estava a aprender-me a mim mesma.
Cada história de cada cliente refletia uma parte minha.
Cada sessão espelhava algo que eu ainda precisava compreender.
Com o tempo, algo dentro de mim suavizou.
Ao ser completamente autêntica e totalmente presente com os meus clientes, acabei por dar a mim mesma permissão para entrar na minha própria força feminina. À medida que guiava outras pessoas para a profundidade do seu prazer, fui encontrando a profundidade do meu próprio prazer.
As minhas necessidades deixaram de parecer excessivas, o meu ritmo natural deixou de parecer um problema, e o desejo que silenciei durante anos tornou-se algo que finalmente podia honrar sem hesitação.
Ao apoiar os outros, percebi que também me estava a apoiar esse foi o presente que eu nunca soube que estava a dar a mim mesma.
E foi neste processo que encontrei a sexologia taoista e os ensinamentos de Mantak Chia, que transformaram completamente a forma como entendo o amor e a intimidade.
Sexologia Taoista: o mapa que explica a intimidade
Uma das partes mais libertadoras da minha jornada foi aprender o modelo taoista de intimidade um mapa de como homens e mulheres são energeticamente desenhados para se encontrar.
No taoismo:
Yang (masculino) = Fogo, a subir a montanha
Yin (feminino) = Água, a descer o vale
O fogo sobe.
A água desce.
Isto não é metáfora são correntes energéticas reais que se movem através do corpo.
Yang: o fogo a subir a montanha
A energia sexual masculina move-se para cima, como uma chama:
• rápida
• direta
• consciente
• estimulada visualmente
• orientada para o objetivo
Isto explica porque muitos homens:
• se excitam rápido
• querem penetração cedo
• têm dificuldade em desacelerar
• chegam ao orgasmo depressa
• sentem pressão só com a ideia de “aguentar mais”
Os mestres taoistas dizem:
“O Yang sobe como chama rápido a acender, rápido a atingir o pico.”
É simplesmente a sua natureza.
Yin: a água a descer pelo vale
A energia das mulheres move-se para baixo, como água:
• lenta
• profunda
• emocional
• sensível
• intuitiva
• em camadas
A excitação feminina é uma descida.
Do coração ao peito.
Do peito ao ventre.
Do ventre à pélvis.
Da pélvis ao útero.
O taoismo diz:
“O Yin aprofunda-se à medida que desce. Aquece devagar, mas quando aquece, torna-se imenso.”
É por isso que as mulheres precisam de mais tempo, mais toque, mais presença, mais segurança emocional e mais calor antes da penetração.
A água não se força.
A água convida-se.
E, de repente, tudo fez sentido
Percebi porque:
• os meus parceiros avançavam mais rápido do que o meu corpo podia acompanhar
• eu fechava ou ficava tensa mesmo querendo intimidade
• o sexo às vezes doía
• o meu útero não estava preparado
• o desejo desaparecia no momento em que tudo ficava rápido demais
Não havia nada de errado comigo.
O meu corpo estava simplesmente a seguir o ritmo natural do Yin.
Mas ninguém me tinha ensinado isto.
A Fórmula Taoista: Água Sobre Fogo
Outro ensinamento essencial é a fórmula “Água sobre Fogo”.
Na alquimia interna:
• Água = útero, rins, essência feminina, Yin
• Fogo = coração, paixão, desejo masculino, Yang
Se o fogo sobe sem controle, queima.
Se a água está fria, apaga o fogo.
Mas quando a água fica por cima do fogo, tudo entra em harmonia.
A água suaviza a chama.
A chama aquece a água.
É assim que a energia sexual se transforma em energia curadora:
O Yin orienta o ritmo.
O Yang responde à orientação.
Mantak Chia explica:
“Quando o homem segue o ritmo da mulher, o Yin dela refresca o fogo dele, e o fogo dele aquece a água dela. É esta dança que desperta a verdadeira energia sexual.”
Isto é o oposto da sexualidade condicionado pelo porno que empurra o homem para explodir como um fogo de artifício.
O taoismo ensina o contrário:
aquecimento lento, constante, profundo.
Porque a mulher deve liderar o ritmo
Quando uma mulher lidera com a sua respiração, com a sua suavidade, com a sua presença, com o seu tempo ela coloca água sobre fogo.
Ela guia sem dominar.
Abre sem forçar.
Conduz através da intuição, não do controlo.
E quando um homem permite essa orientação:
• torna-se mais aterrado
• dura mais
• sente-se mais confiante
• abre emocionalmente
• experimenta prazer mais profundo
• conecta-se verdadeiramente
É assim que a intimidade cura em vez de desgastar.
Lao Tzu escreveu:
“Nada no mundo é mais suave do que a água.
E nada é mais poderoso na forma como suavemente transforma o que é duro.”
Isto é liderança sexual feminina.
O vale encontra a montanha
Quando o fogo aprende a abrandar
e a água aprende a subir,
os amantes encontram-se.
Aqui, a intimidade torna-se sincronizada.
O prazer torna-se mútuo.
O sexo torna-se união, não performance.
O útero abre-se em vez de se proteger.
O homem relaxa em vez de apressar.
O relacionamento encontra o seu ritmo natural outra vez.
E para mim, foi isto que mudou tudo.
Parei de esperar que os homens “soubessem”.
Aprendi a guiar com presença.
Aprendi a honrar o meu corpo.
Aprendi a comunicar sem desculpas.
Aprendi a confiar no meu Yin.
Foi aqui que começou a minha verdadeira libertação sexual
no momento em que a água e o fogo finalmente aprenderam a dançar.
Conclusão: O momento em que deixei de esperar
Passei anos à espera que os homens me entendessem
à espera que adivinhassem as minhas necessidades,
à espera que abrandassem,
à espera que liderassem de uma forma que combinasse com a minha natureza.
Mas essa espera deixou-me presa, silenciosa, desconectada do meu corpo.
Eu parei de esperar.
Aprendi a guiar com presença.
Aprendi a honrar o que sinto.
Aprendi a expressar com clareza.
Aprendi a ocupar o meu lugar.
Esta é a força de entender o corpo.
Esta é a força de conhecer a si mesma.









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